CAIS DO BICO, NA MURTOSA, RECEBE BOTA ABAIXO DE UM NOVO BARCO MOLICEIRO E DE UMA BATEIRA CAÇADEIRA
O Cais do Bico, na Murtosa, vai ser o palco, no domingo, dia 13 de maio, pelas 16H00, de um acontecimento raro, singular e pleno de simbolismo: o bota abaixo de um novo barco moliceiro, construído, de raiz, com todas as características da embarcação tradicional, pelo proprietário, António Ferreira Nunes, e de uma bateira caçadeira, recuperada por Etelvina Almeida.
O “bota-abaixo” terá lugar num dos locais mais emblemáticos da Murtosa – o Cais do Bico – no dia em que se aí realiza também o “Mercado Tradicional”, promovido pelo Município da Murtosa, que procura reviver, no presente, a ambiência das feiras de outrora.
O MOLICEIRO “FERREIRA NUNES”
Ferreira Nunes: assim se chama a nova embarcação, que toma o nome do proprietário e construtor, António Ferreira Nunes, um Murtoseiro apaixonado pela Ria e pelos Moliceiros.
Com a ajuda do Mestre José Rito, António Ferreira Nunes construiu, nos últimos meses, num terreno contíguo à sua casa, no Canto dos Pocinhos, na Murtosa, a belíssima e imponente embarcação, com uma envergadura de 15 metros.
As pinturas do barco e dos respetivos painéis estiveram a cargo do Mestre Jose Oliveira, conceituado artista plástico Murtoseiro, autor da quase totalidade dos painéis dos moliceiros existentes na Ria de Aveiro.
“Ferreira Nunes” será o mais jovem barco moliceiro tradicional a “ir abaixo” na Murtosa, depois de “Marco Silva”, de Marco Silva, em 2015, e de “Um Sonho”, de José Rebelo Moliceiro, em 2016.
O “bota-abaixo” deste novo barco moliceiro possuiu um enorme simbolismo, pois representa um novo alento e esperança na preservação daquele que é o verdadeiro ex-libris da Ria de Aveiro e, provavelmente, a mais bela embarcação do mundo, que tem na Murtosa a sua pátria.
O desaparecimento da atividade para a qual foram concebidos – a apanha do moliço – ditou a quase extinção dos barcos moliceiros. Hoje, uma grande parte dos moliceiros ainda existentes, estão consignados à actividade turística nos canais da cidade de Aveiro, já sem algumas das suas características originais.
Na Murtosa, resistem, teimosamente, um conjunto de homens que mantêm as suas embarcações sem mácula, seja para actividade marítimo-turística, ou, apenas, pela satisfação de as possuírem.
A BATEIRA CAÇADEIRA “A MENINA DA RIA”
“A Menina da Ria”. É assim que os amigos chamam a Etelvina Almeida, designer e investigadora Aveirense, apaixonada pela Ria de Aveiro e uma grande ativista e entusiasta da valorização e defesa do património lagunar e das embarcações tradicionais em particular.
O sonho de possuir uma embarcação tradicional da Ria de Aveiro é antigo e vem dos tempos em que, em contexto académico - uma investigação para mestrado em design - percorreu todos os recantos da Ria de Aveiro, em busca dos barcos – moliceiros, mercantéis, bateiras – característicos da laguna.
De todas as que estudou, fascinou-a, de um modo especial, a “caçadeira”, a mais pequena das embarcações que sulcam as águas da Ria de Aveiro, capaz de navegar por todos os canais, canaletes e/ou esteiros e de desempenhar as mais variadas funções: caça, pesca, transporte, passeio... podendo ser manobrada por uma só pessoa.
A ideia de adquirir uma bateira, foi, assim, pouco a pouco, ganhando força, de tal forma que, recentemente, se concretizou. Sob a supervisão da proprietária, “A Menina da Ria” foi recuperada no Estaleiro do Monte Branco, na Torreira, pelo Mestre José Rito, tendo a decoração estado a cargo do Mestre José Oliveira.
O bota abaixo da “Menina da Ria” acontecerá, em simultâneo, com o do novo moliceiro “Ferreira Nunes”, no Município da Murtosa, coração afetivo e geográfico da Ria de Aveiro. Um momento importante na defesa e preservação do extraordinário património lagunar, graças ao empenho de duas pessoas apaixonadas pela ria e pelas embarcações tradicionais.
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